IVY Lilibeth nunca gostou de estudar. Odiava livros, cadernos, odiava até o som do lápis riscando o papel. Passava as tardes ociosas, rindo, brincando, inventando intrigas com os empregados. Eu era o contrário. Para mim, os estudos eram como respirar. Talvez fosse a herança da minha mãe — aquela mente brilhante, que lia fórmulas como poesia. Eu aprendia com facilidade, sempre à frente dos demais. Tínhamos dois anos de diferença, mas eu, com nove, já estava adiantada, e por ironia do destino, estudávamos na mesma sala. Eu tirava sempre A+, as melhores notas possíveis, enquanto Lilibeth colecionava C- e D, quase tocando o temido F. Mas, misteriosamente, na hora dos boletins, tudo mudava. As notas altas iam parar no papel dela. As notas baixas, no meu. Até hoje não sei como Clarice conseguia fazer isso. Talvez subornando funcionários da escola, talvez usando contatos, talvez simplesmente manipulando com aquela frieza calculista que só ela tinha. Só sei que o resultado era sempre o mes
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