Respirei fundo, segurei o olhar da Clarice e disse, sem titubear:
— Vocês podem se retirar. Vão fazer o que sabem fazer de melhor, que é absolutamente nada. Porque aqui, desse quarto em diante, eu vou ficar de olho no meu pai. Se ele chamar, sou eu quem vou atender. Eu vou cuidar dele, porque ele não vai trabalhar hoje, nem amanhã. Esses dias serão de repouso, e eu mesma vou avisar a secretária dele. Ele precisa se cuidar, e eu não vou deixar que ninguém o sobrecarregue.
Minha voz saiu firme, tão firme que até eu me surpreendi. Clarice abriu um sorriso debochado, tentando manter a pose, mas eu percebi o incômodo vibrando nela como uma ameaça silenciosa.
— Ora, veja só, a mocinha agora pensa que manda — murmurou, ajeitando os brincos caros.
Eu ergui o queixo.
— Eu não penso, Clarice. Eu mando. Ele tem uma filha de verdade para cuidar dele. E essa filha sou eu. — Apontei para o corredor. — Agora, dêem licença.
Lilibet, que até então se escondia atrás da mãe, lançou-me um olhar de ó