Butterfly
Eu a amei uma vez.
E depois amei de novo.
E de novo.
Na segunda vez, ela já não estava tão envergonhada. Era mais solta, mais ousada, até mesmo mais exigente. Seus olhos me procuravam, suas mãos me guiavam, e sua voz… ah, a voz dela. Chamava meu nome num sussurro doce, repetindo:
— Léo… Léo… Léo.
Eu nunca pensei que pudesse gostar tanto de um apelido. Mas nos lábios dela, soava como a mais bela melodia.
Na terceira vez, não havia mais medo. Só desejo, só entrega, só a certeza de que aquela noite seria lembrada por nós dois como o verdadeiro começo.
Na manhã seguinte, ela acordou envergonhada, as bochechas coradas como uma adolescente pega em segredo. Toquei seu rosto e sorri:
— Bom dia, Butterfly.
Ela piscou, surpresa.
— Butterfly?
— Sim — expliquei, olhando dentro dos seus olhos. — Você foi como uma lagarta que passou a vida escondida, comendo folhas no jardim, depois se fechou em um casulo… e um belo dia surgiu como a mais bela borboleta que o mundo poderia ver. Você é a minha Butterfly.
Ela sorriu tímida, quase sem acreditar.
— Nossa… eu não pensei que você fosse romântico.
Dei de ombros, com um meio sorriso.
— Não sou. Mas você conseguiu fazer isso comigo.
Ela então apertou minhas mãos, os olhos brilhando com sinceridade.
— Obrigada… obrigada por ter tido paciência. Obrigada por ter me amado e por ter me dado prazer. Eu nunca imaginei que fosse assim.
Abracei-a contra o peito e murmurei em seu ouvido:
— E eu vou te amar todas as noites.
Ela arregalou os olhos, surpresa, como se não acreditasse.
— Mas… e se eu engravidar? Você não disse que...
— A Interrompi, firme, sem hesitar:
— Você está pensando que eu vou te deixar quando engravidar? Não, Ivy. Esse casamento… na minha família não existe divórcio. Esse casamento é para sempre.
E enquanto a segurava em meus braços, soube que não estava apenas dizendo palavras. Era uma promessa.
Butterfly para Sempre
(voz de Ivy)
Olhei para ele, ainda surpresa com suas palavras.
— Você tem certeza disso, Leon? Não é só um acordo? Você é um homem livre. Eu vi… — suspirei, desviando os olhos — eu acompanhei você nas colunas sociais durante todos esses anos. Vi você com várias mulheres. Mulheres lindíssimas.
Ele ergueu meu queixo com delicadeza e respondeu, firme:
— E você é uma mulher lindíssima. Aquelas mulheres passaram. Você veio para ficar, Butterfly. Nenhuma delas eu nunca chamei por um apelido. Só você. Só você é a minha Butterfly.
Meu coração disparou. Quis acreditar. Quis me agarrar àquelas palavras como quem encontra abrigo depois de uma tempestade.
— Eu não quero só um filho com você — ele continuou, com um meio sorriso que me fez estremecer. — Quero vários. É tão chato ser filho único, você não acha?
Sorri, sem jeito.
— Tecnicamente, eu não sou filha única. Sempre existiu a Lilibeth…
Ele balançou a cabeça.
— Mas a sua mãe só teve você. Então, sim, tecnicamente você é filha única.
Pensei um pouco e acabei concordando.
— Visto por esse lado, sim…
Depois mordi o lábio, hesitante, e perguntei:
— Você acha que… que eu já fiquei grávida agora?
Ele riu, um riso leve que me desconcertou.
— Não sei. Mas se você quiser continuar testando… eu vou amar. Se você quiser continuar me “usando”, como você diz, eu vou achar ótimo.
Minhas bochechas arderam. Nunca pensei que um homem como Leon pudesse brincar comigo daquela forma.
Ele se levantou, puxando a camisa, já pronto para o dia.
— Mas agora precisamos trabalhar. Vou passar na sua empresa para ver como estão os negócios, e depois sigo para a minha.
Acompanhei-o com o olhar, e então deixei escapar o que vinha guardando em silêncio:
— Bem que nós poderíamos fazer uma fusão, Léo. Das nossas empresas. Com contrato, com todos os resguardos. Você não precisa se preocupar, eu não quero nada seu. Mas… só para você me ajudar a gerir. Eu não sei se vou conseguir fazer tudo sozinha. Eu não tenho essa experiência. Você tem.
Ele se aproximou, pousando as mãos nos meus ombros, e me olhou de um jeito que eu não conhecia ainda: seguro, cúmplice, quase protetor.
— Eu vou te ajudar, Ivy. Você não está só.
E naquele instante, pela primeira vez em muitos anos, eu acreditei. Eu não estava mais só.