Foram três dias inteiros em que deixei a faculdade de lado. Meus professores receberam relatórios, minhas tarefas seguiam por e-mail, mas a minha prioridade era uma só: o meu pai. Eu sabia que só tinha ele, que era a única âncora depois que mamãe partiu. Eu não podia permitir que a doença, nem o descuido, me roubassem também o meu pai.
Nesses três dias, eu o vigiava como uma sentinela. Preparava suas refeições com minhas próprias mãos, temperos leves, grelhados sem gordura, saladas frescas. Nada de frituras, nada de doces, nada daquelas comidas pesadas que Clarice e Lilibet tanto gostavam de pedir. Eu mesma levava a bandeja até o quarto, sentava ao lado dele e ficava observando cada garfada, como se aquilo fosse uma batalha pela vida.
— Minha filha, você não precisa se sacrificar tanto — ele dizia, com a voz cansada, mas sempre com ternura.
— Preciso sim, papai. — respondia firme. — Porque eu só tenho o senhor.
No terceiro dia, voltamos ao consultório. O médico já nos aguardava com