CLARICE
Eu estava furiosa. Três dias e aquele homem sequer permitiu que eu me aproximasse do quarto. Ele se fechou apenas com a filha, como se eu não fosse sua esposa, como se Lilibet não fosse sua filha também.
Na sala, sentei-me na poltrona, com a taça de vinho esquecida na mão. O veneno da rejeição queimava mais do que a bebida. Lilibet entrou, jogando-se displicente no sofá, a perna cruzada e o olhar de tédio.
— Ele não quis me ver, mamãe. — a voz dela saiu carregada de rancor. — Nem perguntou por mim. Só fala daquela nerdzinha.
Soltei uma risada seca.
— Pois é, minha filha. O velho Jeffrey só enxerga a cópia malfeita da Samanta. Ele esquece que quem está aqui somos nós.
Lilibet bufou.
— Se não fosse a doença dele, ele já teria me levado para viajar, como prometeu tantas vezes. Agora só tem olhos para a Eve.
O nome dela saiu como uma praga, um gosto amargo na boca de minha filha.
— Se você reparar bem… — Lilibet estreitou os olhos — a doença aproximou ele daquela idiota. E