Ramiro Delgado não precisava falar alto. O silêncio dele era suficiente para moldar a sala. Sentado à cabeceira de uma mesa de madeira escura, observava os homens ao redor com olhos que nunca piscavam no momento errado. Um assessor lhe entregou uma pasta; ele abriu, olhou meia página e fechou.— Já chega — murmurou, e o simples gesto fez os outros se calarem.Naquela noite, em uma de suas fazendas nos arredores de Londrina, Ramiro decidiu mover a primeira peça. As gravações de Azevedo tinham voltado à tona, e isso significava risco. Não que temesse a lei — essa, ele comprava. Mas as palavras ditas por bocas imprudentes eram armas que, em mãos erradas, poderiam traí-lo.— Quero saber quem está perto da garota — disse, finalmente. — E não me tragam ruído. Quero certezas.***Enquanto isso, na casa segura, Vivian não conseguia dormir. Aline permanecia atenta no corredor, fones no ouvido, acompanhando o rádio da escolta. A cada som mais alto, o coração de Vivian disparava. Estava deitada,
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