A manhã nasceu baixa, como se a luz tivesse medo de atravessar as janelas pequenas. Aline acordou Vivian com um toque na porta e um aceno de cabeça que dizia mais do que qualquer explicação: rotina alterada. Rotas novas, passos contados, silêncio nas frestas. Vivian vestiu o moletom cinza, prendeu o cabelo ruivo num coque simples e calçou tênis macios. Scarlett continuava do lado de fora daquela casa — um fantasma útil, mas distante. Ali, ela era apenas Vivian Oliveira, testemunha com um nome que de repente pesava.— Hoje é dia de conferência de cautelares — informou Aline, prancheta na mão. — Vai durar pouco, mas a atenção é dobrada. Dois carros, três paradas. Eu puxo. — Encontrou os olhos de Vivian. — Sem heroísmo.— Sem heroísmo — repetiu Vivian, e tentou sorrir. O sorriso saiu pela metade.No caminho, a cidade parecia um filme mal editado: coisas demais passando rápido demais. Aline guiava com precisão, trocando de faixa quando não havia motivo aparente, parando em vagas que não e
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