Arthur passou o resto da tarde sentado à mesa, os cotovelos apoiados no tampo de madeira, sem conseguir focar nos papéis espalhados.A luz do abajur criava sombras nas bordas do escritório, e o som da chuva contra os vidros parecia mais alto que o habitual.Por horas, não moveu nada além do olhar.Só ficava ali, respirando devagar, tentando conter a pressão que pesava no peito.O gosto do beijo ainda estava na memória.O calor dela no corpo, como uma marca que não desaparecia.E, por mais que tentasse encontrar argumentos, desculpas, algum ponto de apoio racional… não havia nada.Ele queria Helena.De um jeito que não lembrava ter desejado nada — nem sucesso, nem reconhecimento, nem paz.Só ela.Por um instante, pensou em ir atrás.Em bater na porta da sala dela, ignorar tudo que vinha depois, só para confessar o óbvio.Mas não fez isso.Porque ele conhecia aquela hesitação nos olhos dela.O medo de se render.O medo de não conseguir voltar depois.Era o mesmo medo que latejava dentro
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