A segunda-feira amanheceu com chuva. O céu de Londres parecia tão pesado quanto o peito de Helena.
Ela acordou antes do despertador, mas não teve coragem de sair da cama imediatamente.
Ficou deitada, olhando o teto, enquanto o eco do beijo latejava por cada centímetro da sua pele.
Por um momento, pensou em não ir trabalhar.
Em inventar uma desculpa qualquer.
Mas sabia que isso só prolongaria o inevitável.
Ela precisava vê-lo.
E precisava provar a si mesma que ainda era capaz de manter distância.
Quando chegou à recepção da Valente Holdings, o coração dela disparou como se fosse a primeira vez que pisava ali.
Talvez fosse.
Porque nada, depois daquele domingo, parecia igual.
— Bom dia, senhorita Costa. — A recepcionista sorriu.
— Bom dia. — Helena manteve o tom neutro.
Seguiu até o elevador, com a pasta pressionada contra o peito.
O reflexo nas portas metálicas denunciava a ansiedade que ela tentava disfarçar.
Olhos fundos, respiração curta.
Enquanto subia, repetiu mentalmente um mantra