O entardecer parecia mais lento naquele dia. O sol descia atrás dos telhados do bairro como se hesitasse em deixar a luz desaparecer. Ayaka estava na cozinha, mexendo o miso na panela, e o vapor subia em espirais suaves, perfumando o ar. Era o tipo de rotina que acalmava, mas, naquele dia, o cheiro não trazia paz — apenas a lembrança de quantas vezes cozinhara demais para uma mesa que já não estava completa.Ouviu o som dos passos da filha no corredor. Leves, mas diferentes — não arrastados, não indecisos. Havia neles um ritmo novo, quase aliviado.— Okaasan… — A voz de Emi soou calma, porém carregada de algo que Ayaka não soube nomear.A mãe desligou o fogo e virou-se. O rosto da filha estava corado, os olhos úmidos, mas havia neles uma serenidade rara.— Você o encontrou, não foi? — perguntou, antes mesmo que Emi confirmasse.A jovem assentiu. — Sim, mamãe. Eu… falei com o Haruki.Por um instante, o ar pareceu se esvaziar. Ayaka apoiou as mãos na borda da pia, como se o corpo precis
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