[Emi]O sol atravessava as cortinas do meu quarto como dedos dourados que insistiam em me despertar. Fazia dias que eu dormia melhor, talvez porque finalmente o vi — ainda que por breves minutos. Desde aquele encontro no parque, o mundo parecia mais silencioso, mais leve, mas também mais assustador.Cada manhã eu acordava com o coração acelerado, olhando o celular, imaginando uma mensagem dele, uma linha curta, qualquer coisa.Nada.A cidade seguia viva lá fora — buzinas, passos apressados, o barulho de bicicletas descendo a rua — mas dentro de mim havia um vazio sereno, o tipo de silêncio que não machuca, apenas espera.Hoje, depois de muito pensar, eu decidi.A voz da minha mãe soava diferente nos últimos dias. Fraca, quebrada. O meu pai, antes tão certo de tudo, parecia se encolher cada vez mais no próprio corpo.Eu sabia que, se algo não mudasse logo, nós desabaríamos de vez.Respirei fundo e olhei o número de Haruki no visor. Os meus dedos tremiam tanto que precisei apoiar o tele
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