O som do violino ainda ecoava em algum canto da memória de Haruki. Mesmo depois do aplauso se dissolver no ar, o ritmo persistia, pulsando em suas veias, como se cada nota tivesse deixado uma marca invisível sob a pele. Ele caminhou lentamente pelos bastidores, o coração ainda acelerado. O brilho das luzes do palco parecia uma lembrança distante agora; o que restava era o silêncio — aquele tipo de silêncio que só vem depois de se dar tudo de si.
Saiu por uma porta lateral do teatro e encontrou um pequeno jardim iluminado por lanternas de papel. O ar noturno estava úmido e fresco, carregado com o perfume de flores e de chuva distante. As ruas de Tóquio vibravam mais adiante, mas ali, entre o som distante de passos e motores, o mundo parecia suspenso.
Haruki encostou-se a uma das árvores e inspirou fundo. A música que compusera — a que chamara de Hikari no Naka de — fora escrita para aquele instante, para libertar algo que ele nem sabia que ainda o prendia. E agora, com o concerto termi