A manhã amanheceu sem pressa. O sol subia pálido, hesitante, como se também temesse o dia que se aproximava.
Naquela casa — antes tão viva e barulhenta — agora tudo parecia suspenso. Cada som era medido, cada respiração cuidadosa.
Faltava um dia para o reencontro.
E ninguém sabia o que sentir.
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A Casa de Emi
O pai de Emi acordou antes do amanhecer. Sentou-se à beira da cama e ficou ali, por longos minutos, observando o chão como se nele houvesse respostas.
A esposa ainda dormia, o rosto sereno sob a penumbra. Ele passou a mão pelos cabelos, cansado.
Dormira pouco — a mente não lhe dera trégua.
Desde que Emi dissera aquelas palavras — “em dois dias ele virá aqui” — o homem não fora mais o mesmo.
O orgulho, que antes era uma muralha sólida, começava a rachar em silêncio.
E por trás das fendas, vazavam lembranças que ele passara anos tentando enterrar.
Recordava-se de Haruki jovem, com o mesmo brilho nos olhos que ele um dia tivera. Lembrava-se do riso leve, da forma como chamava por