Amanheceu devagar.
O primeiro raio de sol atravessou o papel de arroz da janela, tingindo o quarto com uma luz dourada e suave. O silêncio era tão leve que Haruki podia ouvir o som da respiração do vento nas folhas do jardim. O dia nascia com uma calma estranha — não aquela quietude que pesa antes da tempestade, mas uma calma que aquieta o coração depois que ela passa.
Ele ainda usava a mesma camisa da noite anterior, um pouco amarrotada, cheirando a madeira de palco e a perfume de flores.
Sentou-se na cama, o corpo cansado, mas a mente desperta.
As mãos repousavam sobre o lençol, e nelas havia o eco de um toque — o toque das mãos da irmã, das mãos dos pais.
Por um momento, aquele gesto silencioso repetiu-se na lembrança como se fosse agora, real, vivo, pulsante.
Haruki sorriu, pequeno, quase tímido.
Não sabia dizer o que era exatamente aquilo que sentia.
Não era felicidade plena — essa palavra parecia grande demais, luminosa demais —, mas uma forma mais delicada de paz, uma trégua co