Eu achava que já tinha entendido o significado de recomeçar… até chegar hoje.
O dia do concerto.
Acordei antes do sol nascer, sem saber se havia dormido de fato ou se passei a noite apenas lutando contra a própria mente. Minha casa pequena parecia maior que nunca, como se o silêncio empurrasse as paredes para longe, me deixando num mundo que crescia conforme a ansiedade dentro do peito.
Levantei devagar, o piso de madeira estalando sob meus pés. Fui direto até o pequeno jardim — o meu lugar seguro. O ar fresco da manhã em Tóquio tinha cheiro de terra úmida e sakuras fora de época, trazidas pelo vento do outono. Sentei-me na escada e observei o céu mudar de cor, tingindo-se de laranja, como se tentasse me dizer que tudo ficaria bem.
Mas será que ficaria?
Hoje, milhares de pessoas me veriam. Hoje, eu cantaria por quem fui e por quem tento ser agora. Hoje, meus pais estariam na plateia.
Engoli em seco.
A música que eu iria cantar… ela não era apenas uma canção. Era a minha cicatriz. Era