Madá ajudou Elize a se levantar do chão do café, com o cenho franzido e o cuidado de quem sabia quando não pressionar.
— Quer sentar um pouco? Você ficou pálida...
Elize só balançou a cabeça, ainda olhando para a porta por onde ele tinha saído. O corpo dela ainda parecia vibrar, como se a presença dele tivesse deixado um rastro no ar.
— Eu... preciso terminar aqui.
— O que aconteceu, Elize?
A resposta veio baixa, quase um sussurro.
— Um fantasma.
Madá franziu a testa, mas preferiu não perguntar mais. Não era o momento certo.
Na pia, as mãos de Elize tremiam. Cada xícara parecia pesar toneladas. Sua mente gritava, mas o corpo seguia no automático — quase como naquela noite, sete anos antes. Ela se agarrou ao movimento rotineiro, como se ele fosse um bote salva-vidas.
Quando finalmente sentou no banco do vestiário, horas depois, o celular vibrou. Era Camila.
— Oi, mana. Tudo certo por aí?
— Tudo sim — Elize respondeu, puxando o tom mais leve que conseguiu. — Sobrevivendo ao expediente.