O sol já escorria laranja por trás da encosta quando Elize terminou de contar. A voz dela, normalmente afiada, agora soava baixa, quase hesitante. No terraço do Café Velluto, as luzes começavam a se acender, criando pequenos círculos dourados sobre as mesas de madeira clara. Madalena segurava a xícara há minutos, mas o chá já havia esfriado. Ela mantinha os olhos fixos na amiga, tentando digerir tudo o que havia acabado de ouvir. — E você... nunca mais o viu? — perguntou, por fim, com cuidado. Elize balançou a cabeça, um sorriso amargo escapando no canto dos lábios. — Nunca mais. Só o nome ficou na minha memória… Rick. Mas mesmo esse, eu nunca soube se era real. Se era apelido, invenção ou parte do disfarce dele. E mesmo assim… — ela olhou o horizonte, onde o céu tocava o mar — mesmo assim, eu fiquei com ele pra sempre. Madalena não respondeu de imediato. O vento brincava com a barra do vestido das duas, e por um momento tudo pareceu suspenso, como se o tempo tivesse parad
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