A estradinha que levava à mansão Avelar estava quase deserta naquele fim de tarde. O sol, já a caminho do horizonte, pintava o mundo com tons dourados, enquanto Eveline e Marcus seguiam no carro em silêncio. Era um silêncio denso, cheio de memórias, cheiros e desejos antigos. Ela usava um vestido leve, azul, que balçava suavemente com o vento que entrava pela fresta da janela. Marcus mantinha uma das mãos no volante, a outra repousava entre eles, tensa, quase pedindo por um toque. Ninguém ousava falar das noites passadas. Dos meses separados. Das ausências tão gritantes quanto as lembranças. Mas estava tudo ali, entre os olhares e os suspiros. Quando passaram por um trecho mais afastado, cercado por árvores altas e sombras tranquilas, Marcus reduziu a velocidade e parou o carro no acostamento. Eveline o olhou, surpresa, mas sem medo. — Por quê parou? — perguntou, a voz quase um sussurro. Ele a encarou com uma intensidade bruta, como se os olhos dissessem aquilo que os lábios ain
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