As sirenes não estavam ligadas. Nenhuma luz azul cortava o céu nublado daquela madrugada. Tudo foi planejado para ser silencioso, preciso. Brandão se movia com a frieza de quem já perdera muitas vezes — e por isso mesmo, não podia errar agora.
— Equipes um e dois, confirmem a cobertura das laterais. Ninguém age até meu sinal — sussurrou pelo rádio, de dentro do carro estacionado a dois quarteirões do hotel abandonado.
Era ali que Lucas Valdez, ou Lucky Valley para o mundo, se escondia.
Na mala do carro, havia provas. Muitas. Materiais coletados ao longo de meses de investigação. Roupas com vestígios de sangue, equipamentos que ligavam diretamente à manipulação de vídeos, gravações íntimas de Helena feitas sem consentimento, e o pior — anotações detalhadas sobre os últimos passos de Nicole e Eduardo.
Mas Brandão sabia que não bastava só prender. Aquele tipo de homem... só se entrega quando o mundo já desabou por completo sobre ele.
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No quarto 304 do hotel, Lucas sentava-se de costas