A manhã chegou com um céu estranho, pálido demais, como se a cidade tivesse esquecido como nascer o sol. Helena acordou com o coração apertado e a sensação de que algo dentro dela estava por se romper. Passara a noite revendo arquivos, conectando pistas, relendo anotações antigas. O nome dele estava por toda parte. Sempre esteve. Só agora ela conseguia ver.
Na parede de sua nova sala de trabalho, o painel de investigações começava a tomar a forma de um quebra-cabeça macabro. Recortes de jornais, datas, vítimas... e ele. Lucky Valley. O homem que, por tanto tempo, fora apenas a sombra de um músico brilhante, agora se revelava como uma presença silenciosa nos bastidores de desaparecimentos e tragédias que marcaram sua juventude.
Helena segurava um recorte em mãos: a matéria sobre o assassinato de Eduardo. Havia algo nos detalhes daquele crime que não deixava dúvidas. As circunstâncias, o padrão de sumiço, o silêncio que seguia. E então veio a lembrança: uma foto antiga, de escola, um ro