Sentado, perdido nas lembranças, Glauco nem notou a aproximação do garçom. Com um gesto educado, o homem o chamou de volta ao presente e colocou os pratos sobre a mesa. Glauco olhou para o risoto. Nem mesmo a maneira de servir lembrava a dela. Faltava a delicadeza de Amália em cada detalhe.
Assentiu discretamente, dispensando o garçom. Com certa relutância, pegou o talher e provou. A textura era parecida… mas o sabor denunciava a ausência. Não fora ela quem havia preparado. Faltava-lhe alma, faltava-lhe o toque que só Amália sabia dar.
Um sorriso amargo se desenhou em seus lábios, enquanto os olhos ardiam. Comeu, não pelo prazer, mas apenas para se manter vivo. Era exatamente assim que se sentia: sem vida, apenas sobrevivendo em meio ao caos.
Do outro lado, na janela das comandas, Henrico observava em silêncio. Embora estivesse interessado em Amália, sentiu- se incomodado ao ver Glauco daquela maneira. Fosse como fosse, ele parecia, sim, gostar dela. Mas Henrico sabia que gostar n