Hoje é só sobre você.
Giulia
Viver com Salvatore era como habitar dois mundos ao mesmo tempo.
Tinha o lado selvagem dele — aquele que me pegava pela cintura no meio da cozinha, me jogava na bancada e fazia amor como se a fome não passasse nunca. Mas também tinha o outro, o que eu aprendi a amar com mais ternura: o homem que preparava café sem açúcar do jeitinho que eu gostava, que lia ao meu lado em silêncio e me dava beijos na testa quando eu me perdia nas memórias da minha mãe.
Dormíamos abraçados. Sempre.
Ele me enrolava com o braço pesado, possessivo, como se o mundo pudesse tentar me roubar de novo. Às vezes eu acordava no meio da noite com ele passando os dedos nas minhas costas, sem dizer nada, só respirando fundo, como se se certificasse de que eu ainda estava ali.
Tínhamos nossa rotina, se é que se pode chamar assim.
Acordávamos com o sol entrando pela varanda. Ele sempre acordava antes e ficava me olhando dormir. Quando eu abria os olhos, ele sorria daquele jeito torto, com um charme irritante.