Acordei sozinha na cama, mas o cheiro de café e pão fresco me puxou da preguiça. Espreguicei devagar, os lençóis ainda quentes do nosso corpo, e sorri com a lembrança da noite anterior. Ele tinha sido tão meu. E eu, completamente dele.
Levantei sem pressa, com o corpo ainda meio mole, coloquei só a calcinha e prendi o cabelo num coque frouxo. Desci as escadas descalça, sem fazer muito barulho, sentindo o chão gelado sob os pés enquanto o aroma da cozinha ficava mais forte.
Salvatore estava na sala, mexendo no celular, sério — como sempre que tentava fingir que estava calmo. Mas ele não me viu de imediato.
Até que viu.
E então tudo parou.
Ele ergueu os olhos, e o mundo pareceu prender a respiração por um segundo.
Ali, na cozinha, eu mexia o café com uma colher de pau, cantarolando baixinho. Só de calcinha, com os cabelos bagunçados e um sorriso bobo nos lábios. Era só mais uma manhã qualquer. Mas pra ele… não.
Eu vi o jeito como ele me olhou.
Como se todas as certezas dele tivessem des