No nosso agora.
Salvatore
Um ano. Doze meses desde que a poeira baixou e a vida começou a ter outro gosto. Um gosto mais leve… mais doce.
O sol da Sicília batia oblíquo quando Giovanni e eu saímos do galpão. A porta de ferro se fechou atrás da gente com aquele rangido arrastado que eu conhecia bem demais. Meu corpo ainda guardava o peso da tensão, mesmo que o coração já estivesse em outro lugar.
Não dissemos nada por alguns segundos. Apenas caminhamos em silêncio até o carro. Os mesmos passos de sempre, o mesmo som dos sapatos no chão de cimento. Mas alguma coisa era diferente.
Talvez fosse o tempo. Ou talvez… fosse ela.
Giovanni abriu a porta do lado do passageiro e se jogou no banco como quem descarrega o mundo. Entrei pelo lado do motorista, liguei o carro e deixei o motor ronronar um pouco antes de arrancar.
— E então? — ele perguntou, sem me olhar. — Vai me contar o que tá passando nessa sua cabeça ou vai continuar com essa cara de quem tá tramando coisa grande?
Sorri de canto, mantendo os olhos