Faltam dez dias. Dez.
Eu contei. Uma, duas, três vezes. Riscando com o dedo invisível no vidro embaçado da janela. O número parece pequeno, mas carrega o peso do mundo. Dez dias até o fim do contrato. Dez dias até… o que, exatamente?
Eu não sei mais.
Os primeiros dias foram claros: eu estava ali por ela. Pela minha mãe. Pela cirurgia. Pela esperança. Mas agora… tudo ficou turvo.
Salvatore atravessa os cômodos como um enigma mal resolvido. Às vezes, passa por mim e não diz uma palavra. Outras, me prende contra a parede com a respiração quente e os olhos ferozes. E tem momentos — raros e silenciosos — em que ele só deita ao meu lado, encosta o qu