Se eu te oferecesse mais...
O jantar tinha terminado, mas o silêncio ainda pesava sobre a mesa como se cada resquício de molho no prato tivesse algo a dizer. Eu já tinha recolhido os talheres, levado os pratos para a cozinha e voltado, só para encontrar Salvatore ainda ali — sentado, de copo na mão, encarando a escuridão além da varanda.
Ele não era de rodeios, mas naquela noite, demorou. Só quando me aproximei da porta, prestes a perguntar se podia subir, ele falou:
— Giulia.
Virei para ele devagar.
— Sim?
Ele girou o copo entre os dedos, a voz baixa, como se estivesse escolhendo as palavras com mais cuidado do que de costume:
— Se eu te oferecesse mais... você ficaria?
Fiquei parada. O corpo inteiro em alerta. A pergunta entrou em mim como um vento gelado pelas frestas de uma casa antiga.
— Mais?
— Dinheiro. — Ele se levantou devagar, vindo na minha direção. —Um mês, trinta dias. Não são o bastante. Quero que fique mais. Talvez… dois meses. Talvez mais.
O tempo parou ali. A sala parecia menor, as paredes mais