Bonûs
A luz quente do entardecer atravessava as janelas empoeiradas da casa antiga, mas não conseguia aquecer a frieza que marcava a infância de Giovanni. Ele ainda era um menino quando as ruas de Siracusa mostraram seu lado mais cruel.
A vida nunca foi fácil para ele. Filho de um pai ausente e uma mãe que lutava contra seus próprios fantasmas, Giovanni aprendeu cedo que o mundo não poupava ninguém.
O barulho das vozes alteradas vindo da cozinha, o som de objetos quebrando, a porta que se fechava com força — tudo isso era rotina. Ele se encolhia no canto do quarto pequeno, tentando não ser visto, tentando ser invisível para evitar as tempestades.
A mãe, consumida pela bebida, alternava entre momentos de lucidez e acessos de raiva que explodiam sem aviso. Giovanni testemunhava tudo: os gritos, as lágrimas, o desespero. Não raro, levava a culpa pelos erros que não cometera, sofrendo castigos físicos e emocionais que deixavam marcas profundas. A casa, que deveria ser um refúgio, era um c