O mar sussurrava baixinho, como se respeitasse o silêncio daquele fim de tarde.
Eu estava deitada sobre uma canga estendida na areia fofa, a cabeça encostada na coxa de Salvatore. A barriga crescida subia e descia num ritmo calmo, e vez ou outra, nossa filha se mexia lá dentro — como se dançasse ao som das ondas.
O céu estava tingido de laranja, rosa e dourado, como se o sol, antes de partir, quisesse nos presentear com uma última beleza.
Salvatore lia em voz baixa. Um romance qualquer, escolhido por acaso em uma livraria escondida. Ele dizia que era importante nossa filha ouvir histórias desde já — e eu achava lindo o jeito como ele lia, com atenção, como se cada palavra fosse sagrada.
Mas mais lindo ainda era o tom da voz dele. A delicadeza. A reverência com que me tocava os cabelos entre uma frase e outra.
Fechei os olhos, ouvindo, sentindo.
E quando ele parou, talvez por causa de um chute mais forte ou só pra me observar, eu abri os olhos e encontrei os dele. Aqueles olh