pesadelo nas alturas

Amara

Ela olhou ao redor, talvez sem acreditar onde estava, ou simplesmente procurando uma saída. Mas tudo o que viu... foi sofrimento.

O interior do avião era um pesadelo real. Choros abafados vinham de todas as direções. Várias mulheres estavam presas, como ela e Jaqueline. Algumas tinham o olhar perdido, outras apenas se encolhiam como se já tivessem desistido.

Homens corpulentos e armados vigiavam cada canto do compartimento com olhares frios e cruéis. O tipo de olhar que não vê seres humanos... apenas mercadoria.

Um deles me observava com atenção, como se pudesse ler meus pensamentos. Seu sorriso era sádico. Um arrepio percorreu minha espinha.

Comecei a me debater, lutando contra as cordas que prendiam meus pulsos. As amarras estavam firmes, cortavam minha pele, mas mesmo assim não desisti. Precisava fazer alguma coisa.

Uma garota, sentada perto de Jaqueline, virou-se para mim. Tinha o rosto abatido, os olhos vazios.

— Não adianta... já tentei. O melhor é ficar quieta — disse, a voz embargada de tristeza.

— Ficar quieta esperando a morte chegar? Ou pior, ser estuprada por esses homens nojentos? De jeito nenhum. Não vou ficar parada. — Respondi baixinho, com raiva nos olhos, tentando não chamar atenção.

— Não tem saída. Se quiser morrer logo, problema seu. Só não nos envolva — ela rebateu, virando o rosto para o outro lado, como se não quisesse mais me ver.

Não a culpo. O medo dela era legítimo. Aqueles homens... eles pareciam capazes de qualquer coisa.

Mas eu não conseguia simplesmente aceitar.

Jaqueline chorava em silêncio ao meu lado. Tentei esticar a mão até a dela. Nossos dedos se encontraram com dificuldade.

— Mara... o que será que vão fazer com a gente? — ela sussurrou, as lágrimas escorrendo pelo rosto.

— Eu... não sei. — Balancei a cabeça, derrotada. O coração pesava. Eu não podia mentir para ela.

— Vão nos vender. Pro tráfico sexual. Somos mulheres traficadas... Vocês são burras ou o quê? — disse uma mulher loira do outro lado, com raiva na voz.

As palavras dela caíram como facadas no ar. Não respondi. Apenas segurei com mais força a mão de Jaqueline, que ao ouvir aquilo desabou num choro alto. O som cortou o ambiente como uma sirene.

— Cala a boca, sua vadia! — gritou um dos homens, caminhando em nossa direção.

O pânico me dominou. Jaqueline se encolheu, chorando ainda mais. Mas eu... eu já havia conseguido afrouxar discretamente uma das amarras.

Quando ele se aproximou e levantou a mão para bater nela, me movi por instinto. Com todas as forças, dei um chute certeiro bem no meio do seu estômago. Ele tropeçou para trás, surpreso.

Me levantei de um salto, mesmo com as mãos ainda presas, e avancei sobre ele. Minhas pernas estavam livres, e eu sabia usá-las. Acertei outro chute em seu joelho, fazendo-o gritar.

Mas eu era só uma. E eles, muitos.

Dois brutamontes me agarraram por trás. Um terceiro se aproximou e me acertou uma coronhada na cabeça. Senti a dor explodir como uma bomba. Tudo ficou turvo.

Caí no chão, ofegante, sem forças. Quase perdi a consciência. Mesmo assim, ainda escutava as vozes deles, como ecos distorcidos no meu ouvido.

— Quem foi o idiota que não amarrou essa desgraçada direito?

— Aperta mais essa aí. Ela tem espírito de luta. Sebastian vai adorar.

Senti as cordas sendo apertadas com brutalidade, rasgando minha pele. A cada movimento, o sangue quente escorria. Um deles praguejava em um idioma que eu não entendia.

— Essa vai pro Sebastian. Ele gosta das que mordem. Vai fazer ela implorar por misericórdia.

— Vadia você vai desejar a morte, quando chega no lugar onde vou te manda, o homem para mim.

— E a ruiva? — perguntou outro.

— Também é encomenda do Sebastian. Parece que um dos clientes dele tem fetiche por ruivas. Mas essa daí... — disse ele, chutando Jaqueline de leve com a bota. — Essa vai chorar até sangrar. Vai rastejar no chão implorando pela vida.

— Acho que vai morrer de tanto chorar, quando vi isso clientes de Sebastian, eu mesma tem medo deles, um dos homens fala.

Risadas preencheram o ambiente, sujas, vulgares. Eles achavam graça da nossa dor.

Mas o que eles não sabiam... é que eu não sou do tipo que rasteja. Nunca fui. E ninguém, absolutamente ninguém, vai me fazer mudar.

Mesmo com o rosto colado ao chão frio e metálico, com o corpo amarrado, com o sangue latejando na cabeça... mesmo ali, no inferno, eu sabia: eu ia lutar. Até o fim.

Podem me bater. Podem me ferir. Podem tentar me quebrar.

Mas eu não sou de desistir.

Se querem guerra, vão ter.

O avião começou a se mover. Sentimos o chão vibrar. Algumas garotas começaram a rezar. Outras gritavam o nome das mães. O som dos motores engoliu os lamentos. Não havia mais volta.

Estávamos indo para um lugar desconhecido. Um lugar de onde talvez ninguém voltasse.

Mas eu prometi a mim mesma, em silêncio, enquanto Jaqueline soluçava ao meu lado:

— Eu não vou morrer aqui. E você também não, Jaque.

— Você me liberta, nem que eu tenha que matar todos estes malditos.

Pelo sangue. Pela dor. Pela liberdade.

Não sou uma garotinha, sou um mulher forte e decidida, desde muito cedo aprendi a me vira.

Eles ainda vão se arrepender do dia em que colocaram as mãos em mim.

Fecho os olhos enquanto o silêncio toma conta do lugar. As garotas estão em silêncio, sem chorar, sem implora ajuda, apenas quieta esperando o desconhecido, meu corpo doía devido as amarras, mas meu espírito é livre e não se abala.

Não sei para onde estamos indo, outro país com certeza, mesmo assim não vou me entrega.

Tento vira o rosto para olhar para minha amiga, mas não consigo me mover, Jaqueline parou de chorar, talvez tenha adormecido.

Só que que ela saiba que estou aqui com ela.

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