Narrado por Samuel
A porta se fechou atrás dela com um estalo seco.
Mas o estrondo ficou.
Emanuelle saiu como se não tivesse deixado uma bomba naquele cômodo — mas eu ainda sentia a explosão no ar, reverberando entre as paredes, entre os ossos, entre o orgulho.
Ela jogou as palavras com a calma de quem não teme o próprio impacto.
“Mathias, me acompanha na reunião para o casamento? Lá vai ter ensaio de cada momento do que se passará na cerimônia. Inclusive… na hora em que o padre disser: ‘pode beijar a noiva’. Você terá a oportunidade de me beijar antes do noivo.”
Ficamos imóveis. Eu e Mathias. Dois homens, duas sombras de um império, reduzidos a silêncio.
Ele tossiu baixo. Desviou os olhos. Passou a mão pela nuca, desconcertado.
— Foi só uma provocação, Sam. Você sabe disso. Ela não quis dizer—
— Ela nunca fala sem querer dizer. — cortei, minha voz mais grave do que pretendia. — E você, melhor do que ninguém, devia saber disso.
Mathias abriu a boca para responder, mas fechou logo em s