Narrado por Emanuelle
A cada passo até o altar improvisado, eu sentia o olhar dele queimando em minha nuca. Samuel. Tão previsível em sua arrogância, tão patético em sua tentativa de me controlar com o silêncio.
Eu havia aprendido a engolir as ausências dele, como se fossem pílulas — sem água, sem gosto, sem alternativa.
Mas aquela manhã foi a última vez.
A última em que me permiti doer calada.
Agora, eu era o espetáculo.
— Vamos ensaiar desde a entrada da noiva — disse a cerimonialista, olhando para mim com aquela reverência que as pessoas reservam às mulheres perigosas.
Mathias se posicionou ao meu lado, com um leve desconforto no rosto. Eu não o culpo. Ele sabia que aquilo era uma guerra,