66. Retorno ao dever
Fiquei vagando pelos corredores por alguns minutos, até encontrar abrigo no jardim interno. O som da fonte central era reconfortante, e o vento noturno começava a soprar com suavidade, trazendo o cheiro das flores do outono. Sentei-me num dos bancos de pedra, abraçando as pernas. Eu estava cansada, suja, com as asas ainda sujas de barro e folhas. Mas o que doía mais era outra coisa. Aquilo que não conseguia nomear direito: uma mistura de saudade, confusão, medo… e um peso novo, mais denso. Como se o colar estivesse mais pesado ao redor do meu pescoço a cada dia.
Foi quando senti a presença dele se aproximando. Altair. Sentou-se ao meu lado sem dizer nada, por alguns segundos. Apenas escutou a água da fonte comigo.
— Você sabe que eu só me preocupo porque te amo — disse ele, por fim. Sua voz agora era baixa, sem a dureza de antes.
Eu o encarei, e aos poucos senti meu coração amolecer.
— Eu entendo, pai. De verdade. Mas o que eu vi… o que ouvi… eu não podia ignorar. Tem algo grande