56. No meio da noite.
O calor da lareira já se dissipara quando despertei com um calafrio percorrendo a espinha.
Abri os olhos devagar, confusa por um momento, tentando lembrar onde estava. A casa silenciosa. O cobertor sobre mim. Noctis ainda dormia ao meu lado, o corpo relaxado, a respiração lenta. Mas algo estava errado.
Muito errado.
O ar parecia denso, espesso, como se o próprio espaço ao nosso redor estivesse preso num suspiro contido. E havia um som… quase inaudível, como estalos secos, como unhas raspando telhas ou garras no madeiramento.
Sentei-me, o coração acelerando. Algo lá fora.
Toquei o ombro de Noctis com cuidado, depois com mais força.
— Noctis — sussurrei. — Acorde.
Ele se moveu, os olhos abrindo rápido quando viu a expressão no meu rosto.
— O que foi?
— Tem algo lá fora — murmurei, já me levantando. — O ar está errado. Eu… eu sinto.
Ele se ergueu sem hesitação, pegando sua espada encostada à parede.
— Você confia nesse instinto?
— Confio. Sempre me alertou antes… do pior.
Me