Capítulo 15.

GABRIEL CLARK NARRANDO:

Ela se sentou, dura na cadeira como se estivesse pronta para levar um soco. Ombros erguidos, olhos fixos em mim. A tensão entre nós dava pra cortar com uma faca. E ainda assim… tinha alguma coisa estranha naquela atmosfera. Algo que não era só raiva ou vergonha. Era quase como se… estivéssemos presos um ao outro. Contra a nossa vontade.

Respirei fundo e me sentei também. A cadeira rangeu sob o meu peso. Peguei a caneta sobre a mesa, rolei entre os dedos.

— Vamos fingir, por um momento, que nada aconteceu ontem. Só por dez minutos — comecei, olhando para ela. — Pode fazer isso?

— Posso tentar — ela respondeu, cruzando as pernas. A postura era profissional, mas os olhos… os olhos me atravessavam.

— Júlia Montenegro, certo?

Ela assentiu.

— Conte sobre sua experiência anterior.

— Muito bem, senhor Clark. Vamos ao que interessa então — disse, inclinando levemente o corpo para frente.

— Tenho anos de experiência no mercado de luxo. Fui gerente co
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