Capítulo 37.

JULIA MONTENEGRO:

Por um segundo, achei que o ar tinha desaparecido do mundo. O tempo parou. Meu coração parecia preso entre as costelas, latejando de medo, de nojo, de raiva. Eu ainda sentia o toque repulsivo de Fernando no meu braço, os dedos dele cravados como garras na minha pele. A boca dele próxima demais da minha. Aquele hálito carregado de arrogância e podridão. E o insulto ecoando: "vagabunda."

Mas então… a mão dele foi arrancada do meu corpo.

Tudo aconteceu rápido demais.

— SEU DESGRAÇADO!

A voz de Gabriel cortou o ar como um trovão. E, num piscar de olhos, ele estava ali. Os olhos dele queimando. A mandíbula travada. Eu nunca o tinha visto daquele jeito. Nunca.

Fernando sequer teve tempo de reagir.

O primeiro soco foi tão forte que o corpo dele desequilibrou. Ouvi o som seco do impacto, e minha garganta se fechou num grito preso. O segundo veio em seguida, e depois o terceiro. Gabriel empurrou Fernando contra o capô de um carro qualquer, a fúria explodindo em cada movimento
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