O silêncio dentro do carro era denso, cortado apenas pelo som distante das ondas batendo contra os pilares do cais. Do lado de fora, o porto parecia adornado sob a escuridão da noite, iluminado apenas pelos poucos postes espalhados ao longo do píer.
Eu nunca gostei de tocaia. Nunca tive paciência para esperar na sombra enquanto outros faziam o trabalho sujo. Mas, dessa vez, era diferente. Dessa vez, minha esposa estava envolvida.
Matia estava ao meu lado, o olhar afiado fixo no iate ancorado a poucos metros dali. Ele segurava um cigarro entre os dedos, mas nem se deu ao trabalho de acendê-lo. Seu foco estava todo na movimentação ao redor do barco.
— Isso me cheira a merda — ele murmurou, a voz baixa, porém firme.
— Não me importo com o cheiro — respondi, sem tirar os olhos do alvo. — Quero respostas.
— Acha que eles são os responsáveis por entregar Elena?
Apertei as mãos no volante, sentindo a raiva me percorrer.
— Precisariam ter acesso a nossa casa para isso. Ou pelo menos ajuda.