O suor escorria pela nuca de Daniel enquanto ele aumentava a inclinação do banco, os músculos queimando sob o peso da barra. Normalmente, a academia era seu templo para manter a mente equilibrada — cada repetição planejada, cada série executada com dedicação exemplar. Mas hoje o toque do metal estava desconfortável demais sob suas mãos.
Ela sumiu. Foi embora assim que teve a chance.
O pensamento surgiu como um vírus mais uma vez. Juliana não estava na cama quando ele acordou. Em vez disso, deixara um bilhete debaixo da cafeteira, escrito em letras de forma arredondadas:
"Obrigada pela aula prática de anatomia. Nota 10 para o professor. — J."
Até o tom irônico dela causara uma ereção ali mesmo, na cozinha vazia.
— Foi atropelado por um caminhão, Borges? — o instrutor se materializou a seu lado, uma sobrancelha erguida — É só a terceira série e você está acabadão.
Daniel soltou a barra com um clique metálico.
— Coisas do trabalho — murmurou, enxugando o rosto com a toalha.
Não era exata