O quarto estava mergulhado em silêncio quando Juliana abriu os olhos. A luz do amanhecer filtrada pelas cortinas banhava tudo em tons de pérola, e por um instante, ela acreditou que tudo aquilo tinha sido um sonho.
O melhor sonho da minha vida.
Ela esticou o braço para o lado, esperando encontrar o corpo quente de Daniel, mas a cama estava vazia. Apenas uma marca de afundamento no travesseiro e o cheiro dele — perfumado, com um traço discreto de algo médico, talvez das luvas — confirmavam que ele tinha estado ali.
O ruído de vidro quebrando a fez saltar.
Sentou-se de repente, os sentidos em alerta. Vestiu rapidamente a camisa branca que Daniel deixara pendurada na cadeira — o tecido leve carregado com o aroma dele — e saiu do quarto em busca da origem do barulho.
A cozinha era ampla, iluminada por luzes embutidas que criavam um contraste suave com o nascer do sol lá fora. No centro, de cócoras, estava Daniel. Ele catava os cacos de um cálice de vinho quebrado, os dedos cautelosos para