O barulho dos monitores era constante, repetitivo, como uma espécie de lembrete cruel de que o tempo ali dentro passava diferente. Cada segundo parecia um teste de resistência. Cori dormia, o rostinho pálido encostado no travesseiro, e o braço minúsculo preso à agulha do soro. O sangue recém-transfundido ainda corria pelo tubo transparente, devolvendo lentamente o que a doença insistia em levar.
Eu a observava em silêncio, tentando me convencer de que tudo ficaria bem, mesmo sem acreditar nisso. Meus dedos brincavam com a borda do lençol, e minha respiração estava trêmula, como se eu mesma precisasse de oxigênio extra pra continuar de pé. Lucile entrou sem fazer barulho, o jaleco branco e impecável, o semblante mais sério do que de costume.
— Tori… — ela começou, parando ao lado da cama.
Só de ouvir o tom da voz dela, meu coração deu um salto. Eu conhecia bem aquele olhar — o de quem está prestes a dar uma notícia que muda tudo.
— Já saiu o resultado da compatibilidade? — pe