Depois que Matt foi embora, o silêncio do apartamento parecia maior do que nunca. Fiquei parada no meio da sala, olhando para o sofá ainda com o amassado onde ele tinha se sentado. O cheiro dele ainda pairava no ar — uma mistura de café, chuva e algo amadeirado, que grudava na pele e nas lembranças. Tudo tinha se saído bem. O jantar, as conversas, até Cori dormindo no sofá parecia cena de filme, dessas que a gente pausa pra guardar pra sempre. Mas, ainda assim, dentro de mim, uma pergunta pulsava com força: até quando vou esconder isso dele?
Andei em círculos pela sala, descalça, com a taça de champanhe ainda pela metade na mão. Meu coração queria contar. Queria libertar essa verdade que vinha me corroendo por dentro. Mas o medo ainda era maior. Medo de vê-lo reagir mal, de me olhar com decepção, de achar que eu o enganei. E talvez eu tenha mesmo, ainda que por amor, ainda que por proteção. Eu só não sei se ele entenderia.
Deitei na cama tarde, com a cabeça fervendo. Cori d