O dia estava mais arrastado do que o normal. Aquele tipo de manhã em que o café parece não surtir efeito, o relógio parece debochar e as planilhas piscam na tela como se zombassem da minha concentração. Eu estava na minha sala, tentando colocar em ordem alguns relatórios que Robert havia pedido, mas a cabeça já estava em outro lugar — talvez em Matt, talvez em Cori, talvez nas duas metades da minha vida que ainda não consegui unir sem medo.
Suspirei, levantei-me da cadeira e saí para entregar uns documentos ao Robert. No caminho, o aroma do café fresco me atingiu, aquele perfume quente que sempre me faz lembrar que ali é o meu refúgio — o caos controlado onde tudo começou.
Foi quando a vi. Lucile estava sentada numa mesa próxima à janela, sozinha, com o jaleco dobrado ao lado e um copo de café nas mãos. Os cabelos presos de qualquer jeito, olheiras marcadas, e mesmo assim, ainda com aquele brilho de quem vive no limite, mas continua de pé.
Sorri ao me aproximar.
— Olha só q