O chão ainda estava morno sob meu corpo, mesmo com as toalhas espalhadas como uma tentativa improvisada de conforto. O ar tinha aquele cheiro inconfundível de café, misturado com o de chuva prestes a cair — e o da pele dele. Por alguns minutos, só o som da nossa respiração preenchia o silêncio. Eu olhava pro teto, tentando organizar o que restava da minha sanidade.
Tínhamos feito amor.
Sem defesas, sem desculpas, sem o peso da razão que sempre me guiava. Foi como se o tempo tivesse se desmanchado e sobrasse só o que a gente não dizia — o desejo, o que ficou preso nos olhares, o que eu fingi não sentir por tanto tempo. Mas agora, com ele deitado ao meu lado, o caos voltava.
Matt estava de bruços, o rosto virado pra mim, os olhos calmos, como se não tivesse nada pra consertar no mundo. Eu, por outro lado, estava em pedaços por dentro.
— Não me evite mais, Tori — ele pediu, a voz baixa, quase um sussurro. — Prometo que não vou te incomodar, mas não consigo ficar longe de você.