Os dias pareciam andar num compasso estranho, como se o tempo tivesse ficado preguiçoso, arrastando as horas só pra me testar. Faltavam poucos dias para o aniversário da Cori, e eu devia estar empolgada — de verdade devia — mas minha cabeça simplesmente não colaborava. Era como se cada pensamento meu se partisse em dois: metade tentando fingir normalidade, metade tentando não pensar em Matt.
Cori, claro, estava em outro universo. Um onde bolo colorido, balões e amiguinhos da escola eram o centro do mundo.
— Mamãe, eu quero convidar todo mundo da escola! — disse ela, com um sorrisinho e as bochechas vermelhas, os olhos brilhando como se o simples fato de existir um aniversário fosse o maior evento da galáxia.
Eu ajeitava a louça na pia, tentando fazer contas mentais de quantas cadeiras cabiam na sala do apartamento e de quantos refrigerantes eu precisaria comprar, mas a verdade é que minha preocupação era outra.
— Filha, a gente não pode chamar todo mundo, amor. A mamãe vai c