Russ
Acordo com a claridade suave entrando pelas frestas da cortina e com a ausência dela ao meu lado. A cama ainda guarda o calor do corpo da Lucile, mas o lençol está vazio. Viro o rosto e ouço um barulho vindo da cozinha. O som metálico de talheres, o chiado discreto de uma frigideira. Me levanto devagar, a lembrança da noite anterior queimando na pele como se fosse recente, e sigo o rastro dela. E lá está.
Lucile, de costas para mim, mexendo alguma coisa no fogão. O cabelo solto cai pelos ombros, bagunçado do sono, mas ainda assim parece obra de arte. A camiseta larga que veste mal esconde as curvas, e o jeito natural com que ela se movimenta me faz parar na porta e simplesmente observar. Não é só a cena em si; é o que ela significa. É a primeira vez que eu durmo aqui, no espaço dela, no território íntimo onde cada detalhe grita quem ela é. E agora, pela primeira vez, me sinto parte disso.
Chego por trás e envolvo sua cintura, colando meu corpo ao dela.
— Bom dia. — Min