RUSS
A reunião se arrasta como uma tortura. Sento-me diante do diretor italiano, escuto planos, números, projeções, mas tudo que vejo é o reflexo de Lucile invadindo meu raciocínio. A boca dela, o jeito como ela estava no chuveiro, como se fosse capaz de arrancar cada defesa que eu construí durante anos.
Eu falo de negócios, mas minha cabeça está presa em um ponto só: se eu voltar pra casa, se eu olhar pra ela de novo, não vai ter nada, nem regra, nem maldito autocontrole que segure.
Respiro fundo, aperto a caneta até quase quebrá-la. No fim, dou a mão ao diretor, fecho o acordo, e mesmo com o sorriso protocolar, sei que não consegui estar cem por cento ali. Lucile tomou tudo.
Dirijo de volta ao casarão no silêncio da manhã. Quando abro a porta, a casa está mergulhada em tranquilidade e uma leve penumbra, exceto por uma luz fraca no andar de cima. Subo devagar, passos ecoando no mármore, e já sinto o coração martelar quando a vejo.
Lucile está deitada na cama de hóspedes, a