A manhã nasceu cinzenta, com uma garoa fina batendo contra a janela do meu quarto. Eu acordei com o coração ainda acelerado, como se a noite tivesse sido só uma continuação silenciosa da confusão que Russ deixou em mim.
Me virei na cama, tentando encontrar algum respiro, mas o envelope em cima da escrivaninha parecia rir da minha tentativa. Branco, discreto, inofensivo à primeira vista, mas para mim, pesado como chumbo.
Suspirei, levantando-me devagar. Preparei uma xícara de chá de camomila, na esperança de encontrar calma dentro de mim, e caminhei até a escrivaninha. Sentei-me diante do envelope e, por alguns segundos, apenas o encarei, enrolando a porcelana quente entre as mãos.
Abri-o com cuidado, espalhando as folhas sobre a mesa. As palavras estavam todas ali, ordenadas, claras, organizadas de forma quase impecável — como ele. Mas por trás da objetividade, eu sentia algo diferente, como se cada linha fosse carregada de um cuidado que Russ não queria admitir.
Li a primei