Capítulo 6

Ela disse rindo enquanto penteava o cabelo:

— E você tem o que a ver com isso? Eu tenho um péssimo humor quando estou com fome! Tome cuidado.

Ele se levantou, falou indo em direção à porta:

— Nada, que isso. Vou tomar cuidado, pode ter certeza! Vou deixar vocês à vontade.

Ele saiu achando graça. Ela falou que o dia já podia acabar, confessou que estava com uns pensamentos difíceis sobre s.e.x.o, contou que o noivo estava estranho, que ela não se sentia tão segura às vezes sobre casar e ir morar lá. Maciel bateu na porta, falou otimista:

— Mah, meu amor, vamos começar, você tá pronta?

Ela abriu a porta e falou abraçando ele:

— Amor, eu nasci pronta, vão precisar de muito mais pra tirar o meu glow. Vai colocando o som, arruma o tripé do celular que eu já vou.

Ele foi primeiro. Quando ela estava indo, encontrou Gab no caminho com um pão com mortadela na mão. Ele falou que era para o humor dela, ela respondeu aceitando:

— Eu realmente preciso disso. Muitoooo obrigada, Gab! Você já vai? A gente vai ensaiar, curte dançar?

Gaia falou entrando no meio:

— Ele dança, sua boba, Hip Hop, forró, gafieira e sabe-se lá mais o quê. A irmã dele o forçava a dançar quando novo.

Ele disse que não era verdade, pois estava enferrujado. Ela o chamou para assistir, ele sentou nos fundos. Crianças que já tinham acabado a aula e outros jovens sentaram juntos. Começaram a dançar três casais em duplas, músicas misturadas, sequências prontas e depois foram no individual. Era uma dança mais envolvente, sensual, reggaeton. Mah dançou sozinha e chamou Maciel, logo começaram a dançar os dois, muito próximos. Gab estava super entretido achando legal, falou para um rapaz que estava ao lado dele:

— Caraca, como que não passa vergonha fazendo isso? Se uma mulher dessas se esfrega em mim desse jeito, eu sou expulso da aula. Mermão, na mesma hora o bagulh.o fica doid.o!

O rapaz falou rindo:

— É fácil, ele não gosta de mulher. Por isso a maioria dos parceiros são casais. Pra ter intimidade, sincronia e não passar vergonha. Maciel é o melhor daqui e ela também é, com certeza vão conseguir ganhar a audição. Mah nunca teve tantas chances, está no auge da carreira, do começo, né! Ela merece demais.

Ele disse que ela era realmente demais. Quem estava ensinando começou a brincar dançando, de se desafiar. Ela chamou Gab e ele ficou com vergonha, todo recatado, logo saiu da sala e foi ajudar Gaia com a contabilidade de novo. As coisas estavam fei.a.s por lá e toda ajuda era muito bem-vinda.

Todos já estavam indo embora. Mah foi pegar a bolsa e se despedir de Gaia, apressada como sempre, estava reclamando que não podia atrasar no trabalho de jeito nenhum. Gab foi se preparando para ir embora também, falou que nem deu tempo de conversarem direito, mas que ele adorou ver o ensaio. Ela respondeu irônica e simpática:

— Gostou tanto que nem participou.

Ele falou rindo:

— Não, eu tenho vergonha de dançar com público, eu ia virar piada. E qual o lance da audição? Que falaram?

Ela já estava na calçada, mexendo no celular, falou animada:

— É tipo a chance da minha vida, se eu passar, no mesmo dia adeus clínica. São três vagas, e quem sobrar dentre os dez finalistas pode ir para bandas, viajar o mundo todo. Eu mandei vídeos para programas também, como Gugu, Silvio, queria fazer parte do ballet. Meu sonho é viver da dança! Mas é bem difícil, professor não tem valor hoje, a mulher na boca do povo, quando se expõe assim, também não.

Ela estava mexendo no celular, mudou a expressão. Ele falou, reparando na velocidade das mensagens que ela estava enviando:

— Nossa, que maneiro, poxa, Mah, tomara que você consiga, seria incrível, imagino. Tá tudo bem? Você ficou diferente do nada e não está correndo ainda.

Frustrada, ela falou olhando o ônibus que estava vindo do final da rua:

— Desculpa, eu, não... Nossa, preciso de um ar. Dá licença?

Ela saiu andando e nem foi para o ponto, abaixou com as mãos na cabeça e ficou quieta sentada na guia. Gaia saiu, perguntou para ele o que aconteceu, foi falar com ela preocupada. Mah falou que tinham cortado a energia da casa dos avós dela e estavam no escuro, disse que tinha dado dinheiro para eles pagarem a conta, mas que o avô perdeu e por isso não quiseram incomodar, uma vizinha deles quem contou tudo a ela. Gaia disse que não tinha dinheiro, mas que ia pegar o da rifa e depois ela devolvia. Mah falou chateada:

— Eu vou pegar o dinheiro do figurino, fazer o quê, depois eu me viro. Como vou deixar meus avós no escuro? Eu preciso ir buscar eles, vou levar para minha casa e depois tento pagar a conta.

Gab estava ainda lá na frente, se aproximou, falou gentilmente:

— Mah, precisa de alguma coisa? Se eu puder te ajudar...

Ela falou de imediato, aborrecida:

— Não, valeu, tchau, a gente se fala?

Ele se despediu e foi embora de moto. Ela foi logo em seguida com um carro de aplicativo, passou para pegar os avós e levou tempo para convencê-los. Só chegou em casa quase uma da madrugada e não conseguiu falar com o Tulio. Dormiu no sofá porque deu a cama aos avós. Acordou com do.r no corpo e, já cedo, discutiu com o Tulio por mensagem, porque ele disse que ia viajar em um feriado com os amigos do trabalho e ficar sem internet. Ela mandou um texto grande falando sobre prioridades e economizar, disse que estava precisando de dinheiro. Ele nem deveria estar online, mas já respondeu à altura, disse que ela tinha liberdade até demais no Brasil e que os gastos do feriado eram simples coisas do dia a dia, perguntou por que ela não falou que precisava de dinheiro. Ela nem respondeu mais nada, trabalhou a manhã toda como de costume. Depois do almoço, foi se preparando para ir atender a domicílio, foi conversar com Danna e já avisou que não tinha dinheiro nem para o ônibus. Ela respondeu com afronta:

— Seu paciente já fez o depósito por hoje, espera eu terminar de comer e vamos lá. Está animada?

Ironicamente, Mah falou otimista:

— Claro, eu só vou viajar para atender um mimado que deve ter mais carros e funcionários do que a rua toda. Mas quer saber? Tô animada sim, vou ouvindo música, pensando na vida, eu vou dar o meu melhor e aproveitar a oportunidade. Não sendo um pervertido, eu já fico feliz.

Notando o m.a.u humor, Danna falou com pena:

— Você não está bem, não é? O que tá acontecendo, Marjorie?

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