Era sábado. Sol de verdade. Céu tão azul que parecia ter sido pintado à mão. E, milagrosamente, Joaquim estava passando o dia com a avó. Pela primeira vez em meses, a casa não tinha brinquedos cantando sozinhos, mamadeiras espalhadas ou o choro sincronizado entre bebê, gato e casal.
Valentina acordou com um sentimento que quase esqueceu como era: paz. Uma paz tão silenciosa que deu até medo.
Ela se virou devagar, saboreando o momento como quem saboreia o último pedaço de chocolate escondido na gaveta.
— Amor... — sussurrou, vendo Rafael com metade do rosto afundado no travesseiro, o cabelo espetado como um espantalho sexy de domingo — acorda. Hoje é o nosso dia.
Ele abriu um olho, sonolento, como quem não sabia se ainda estava sonhando.
— Nosso dia tipo... a gente vai dormir até meio-dia?
— Não! Nosso dia tipo: vamos sair, almoçar num restaurante sem cardápio infantil, andar de mãos dadas sem carregar mochila de fraldas, fingir que somos dois jovens adultos livres e cheios de disposiç