Valentina olhou para a sala tomada por caixas, sacolas abertas, rolos de fita largados pelo chão e o gato Bruce deitado triunfante em cima de um travesseiro que definitivamente não era seu. Ela soltou um suspiro longo, cansado — mas não infeliz.
Ela achava que mudar de endereço seria simples. Roupas nas malas, gato numa caixinha, cachorro com a língua pra fora e pronto: nova vida. Mas não. Era muito mais do que carregar objetos. Era carregar histórias, memórias, manias... era misturar mundos. Era um caos romântico com cheiro de fita adesiva e futuro.
Rafael, por outro lado, estava num surto de alegria quase infantil. Tão empolgado que parecia estar montando um acampamento de verão, e não tentando organizar a própria vida adulta.
— Amor! Olha essa tomada escondida aqui atrás do armário! — gritou ele, como se tivesse encontrado um tesouro. — A gente pode ligar a cafeteira aqui. Imagina: café sem nem sair da sala!
Valentina ergueu uma sobrancelha, os cabelos presos de qualquer jeito num