Aurora
Acordei na manhã seguinte com uma única certeza na vida: fome.
Não era aquela fome de “vou fazer um lanchinho”, era a fome de quem parecia ter atravessado o deserto do Saara montada num camelo desidratado. Era uma urgência, uma necessidade básica. E, claro, no meio da mansão, o que eu tinha à minha disposição?
Nada.
Zero.
Nadica de nada.
Nenhum café preparado, nenhum croissant voador vindo ao meu encontro.
Suspirei dramaticamente e levantei da cama, praguejando baixinho. Aurora, você está em uma mansão, não abandonada no mato, pensei, tentando me animar. Afinal, um café da manhã não se faria sozinho. Eu teria que descer até a cozinha e preparar algo como uma camponesa moderna.
Arrastei minhas pantufas pelo chão polido, parecendo mais um fantasma sonâmbulo do que uma mulher digna dessa mansão ridiculamente elegante. Quando passei pelo corredor, meu olhar foi puxado para uma porta entreaberta.
E foi aí que eu vi.
Giovanni.
Dormindo.
De bruços.
No meio da cama gigante, sem camisa,